sábado, 1 de setembro de 2007

Começa plebiscito pela anulação do leilão da Vale

Começa neste sábado (1) o Plebiscito para tentar anular o leilão da Companhia Vale do Rio Doce. Em Porto Alegre, as urnas vão estar no Comitê Estadual pela Vale do Rio Doce, na Estação Rodoviária, na Esquina Democrática e no Mercado Público, entre outros locais. O interior do Estado vai ter urnas em várias cidades, como Pelotas, Santa Maria, Passo Fundo e Caxias do Sul.

Na cédula o eleitor vai ter que responder a cinco perguntas sobre a privatização da Vale, dívida externa,privatização da energia elétrica, reforma da Previdência e prorrogação dos contratos de concessão dos pólos de pedágios no Rio Grande do Sul.

Para votar, o eleitor deverá apresentar um documento de identificação com foto. A votação vai até o dia 7 de setembro.

A Companhia Vale do Rio Doce foi vendida em um leilão em 1997 por 3 bilhões e 300 milhões de reais. Hoje, seu valor de mercado está avaliado em mais de 200 bilhões de reais, com faturamento bruto de mais de 70 bilhões de reais. O Plebiscito vai ocorrer em todo o Brasil.


ONU alerta para seca no Brasil

Nordeste deve ser o mais afetado por mudança no clima

Produzir alimentos no Nordeste será cada vez mais difícil e o governo brasileiro precisa se preparar para fazer investimentos de peso em irrigação na região. O alerta é da Organização Meteorológica Mundial da ONU (OMM), que aponta para os efeitos das mudanças climáticas como sendo responsáveis por esse novo cenário nos Estados que já sofrem com seca. A entidade ainda diz que as mudanças climáticas podem se tornar uma séria ameaça à oferta de alimentos para populações mais pobres. A reportagem é de Jamil Chade e publicada no jornal O Estado de S. Paulo, 1-09-2007.

“Devemos esperar uma maior desertificação e salinização das terras do Nordeste nas próximas décadas”, afirmou M.V.K. Sivakumar, chefe da Divisão de Meteorologia Agrícola da entidade. Segundo ele, a produção agrícola tende a ficar mais difícil até mesmo na bacia do Rio São Francisco.

“Os efeitos começarão a ser sentidos em cerca de 10 anos, mas devem continuar com maior intensidade até 2050.” Até lá, o governo deve se preparar para tomar pelo menos duas medidas: garantir a irrigação da região e adotar uma estratégia de gestão da água disponível no Nordeste. “Isso será fundamental para a agricultura no Nordeste”, afirmou Sivakumar, considerado um dos principais pesquisadores sobre o impacto das mudanças climáticas sobre a agricultura.

“Veremos um volume menor de chuvas no Nordeste e isso certamente terá um impacto na terra e na produção da região.” De acordo com o IBGE, o Nordeste tem 51 milhões de habitantes. Segundo a OMM, os efeitos não serão sentidos apenas pelos agricultores, mas pelas populações das grandes cidades da região que dependem do abastecimento de alimentos. E estudos apontam para um encarecimento dos produtos.

A OMM afirma que a perda de terras será um fenômeno mundial nas próximas décadas. Hoje, apenas 11% da superfície do planeta é cultivável. O problema é que, até 2020, a população mundial atingirá 8,2 bilhões de pessoas ante os atuais 6,3 bilhões. O tema fará parte da conferência da ONU que começa na segunda feira em Madri, para tratar do futuro do solo do planeta para a agricultura.

Ministro há um mês, Jobim tem primeira crise com militares

Seis dias depois de completar um mês no cargo, o ministro da Defesa, Nélson Jobim, enfrentou ontem a primeira crise militar no cargo. O Alto Comando do Exército se reuniu extraordinariamente e divulgou nota reagindo contra o lançamento de um livro sobre tortura no regime militar. "Fatos históricos têm diferentes interpretações", afirma o texto. A reportagem é de Eliane Cantanhêde e Kennedy Alencar e publicada no jornal Folha de S. Paulo, 1-09-2007

A nota condena a possibilidade de mudança na Lei da Anistia para permitir o julgamento de militares envolvidos com torturas e mortes durante a ditadura de 1964, como ocorreu no Chile e na Argentina.

"A Lei da Anistia, por ser parâmetro de conciliação, produziu a indispensável concórdia de toda a sociedade (...). Colocá-la em questão importa em retrocesso à paz e à harmonia nacionais", diz a nota, assinada pelo comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, que a entregou a Jobim. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou cautela a Jobim.

Quem aventou a hipótese de mudar a Lei de Anistia foi o presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos, do Ministério da Justiça, Marco Antonio Barbosa, no lançamento do livro "Direito à Memória e à Verdade", sobre torturas e mortes de opositores à ditadura, quarta, na presença de Lula. Para Barbosa, tortura é "crime imprescritível".

Em resposta à versão de que o Exército de hoje é diferente do que é acusado de crimes durante a ditadura, a nota diz: "Não há Exércitos distintos. Ao longo da história, temos sido o mesmo Exército de Caxias, referência em termos de ética e de moral, alinhado com os legítimos anseios da sociedade".
O texto foi transmitido a todos os comandos do país. Ele foi uma reação ao livro, ao seu lançamento no Planalto e principalmente ao recado de Jobim, na cerimônia, vetando manifestações contrárias ao trabalho nas Forças Armadas.

Apesar de Lula ter feito na cerimônia de lançamento do livro um discurso considerado "apropriado" por militares, Jobim fez o que eles classificaram internamente de "afronta desnecessária", ao avisar que não admitiria reclamações contra o livro: "Não haverá indivíduo que possa reagir e, se houver, terá resposta", disse o ministro.

Foi isso que mais irritou os generais. A reunião do Alto Comando foi convocada e presidida pelo comandante Enzo, que chegou de Buenos Aires por volta de meia-noite e meia e se reuniu com os seus integrantes a partir das 13h. O calendário do Alto Comando prevê reuniões bimestrais, e a de ontem não estava prevista.

Extraordinária

Mais alto foro de decisão militar, ele é integrado por 14 generais-de-Exército. Sete são de fora de Brasília e foram convocados na quinta. O clima da reunião foi de indignação e a primeira versão da nota era mais dura, mas foi alterada até ficar "elegante, porém firme", na expressão de um participante.

Eles reclamaram de Jobim, que consideraram "arrogante", e destacaram que ameaças do ministro são inócuas, pois ele não tem autoridade para punir as Forças Armadas. Seu poder se resume à possibilidade de poder pedir ao presidente a troca de um comandante.

Na reunião, eles também fizeram uma comparação das Forças Armadas com a Agência Nacional de Aviação Civil, que está sendo desmontada por Jobim: "Nós não estamos mortos nem somos a Anac", disse um dos presentes à reunião.

Apesar de também incomodadas, Marinha e Aeronáutica não convocaram reuniões contra a iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência. Até ontem à noite, estava confirmado o embarque de Jobim e do comandante do Exército, juntos, amanhã, para o Haiti. Eles voltam na quinta.