Em entrevista a jornal Valor Econômico, ministro da Fazenda diz
que o Brasil não pode esperar o vencimento das concessões para reduzir conta de
luz
"Estamos
pagando energia velha com preço de energia nova", critica Mantega (Evaristo SA/AFP)
O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, entrou na briga do governo com as empresas
do setor elétrico sobre as mudanças impostas pela medida provisória nº 579. Ao
jornal Valor Econômico, ele
afirmou que o Brasil não pode esperar até 2015 ou 2016 para diminuir suas
tarifas de eletricidade para os consumidores. A despeito das ameaças de
algumas empresas de não renovarem antecipadamente suas concessões, a conta de
luz, acrescenta o ministro, ficará 20%, em média, mais barata já em 2013. Ele
foi enfático na questão da legalidade da proposta do governo, consolidada na MP
579, que está em trâmite no Congresso. Disse que o plano não viola nenhum
direito adquirido e desafia "qualquer um a demonstrar qual foi a cláusula
descumprida."
Ele também rebateu as críticas de que a atuação do governo junto
ao setor foi intervencionista. A decisão de renovar antecipadamente as
concessões é opcional de cada empresa e não uma imposição, destacou o ministro.
Se as concessionárias não aceitarem os termos fixados pelo Palácio do Planalto,
disse, os contratos permanecerão os mesmos até o vencimento.
Privilégios – O ministro reconheceu
que os acionistas minoritários têm direito de defender seus interesses, mas
destacou que a redução da tarifa ajudará todo o país e não apenas "poucos
interessados em prorrogar privilégios".
Ele reiterou que o Brasil precisa da redução da conta de luz
para crescer. Em sua avaliação, o potencial de crescimento da demanda por
energia no Brasil continuará atraindo investimentos privados para o
setor. "Estamos pagando energia velha com preço de energia nova, e
isso não pode acontecer mais", disse.
Perguntado sobre a decisão da Cemig de não renovar contratos de
três de suas usinas, Mantega comentou que a empresa assinou vários contratos
concordando com as regras
Legalidade – Nesta quarta-feira, o advogado-geral da União, Luís Inácio
Adams, declarou que o governo está tranqüilo quanto à redação da MP nº
579. Em sua análise, o texto tem fundamentos econômicos e jurídicos bem
consolidados. "Não vejo qualquer possibilidade de reversão na
Justiça", afirmou Adams, após participar nesta quarta-feira de audiência
publica na comissão mista da MP no Congresso Nacional.
O advogado-geral da União também rebateu a tese da Cemig de que
a companhia teria direito à prorrogação automática dos contratos de três
hidrelétricas. A empresa não submeteu esses ativos à renovação conforme as
novas regras do governo e corre o risco de perder as concessões, caso um novo
prazo não seja concedido pelo Ministério de Minas e Energia. "A Cemig
nunca teve garantia da prorrogação das usinas. Mas, se for do interesse do
governo, não vejo por que não conceder novo prazo para inclusão da
empresa", completou.
Segundo Adams, como os prazos fixados na MP têm valor de lei,
essa autorização adicional pode depender de uma alteração no texto durante
tramitação no Congresso.

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