A falácia do risco-país
O risco-país é uma falácia que fica mais claramente manifesta na turbulência dos mercados desta semana. O comentário é de Clóvis Rossi, jornalista, na coluna publicada no jornal Folha de S. Paulo, 18-08-2007.
“Como se pode levar a sério um indicador que, de quarta para quinta-feira, subiu 14,5%? Qualquer pessoa com meio neurônio sabe perfeitamente que, salvo em catástrofes, nenhuma economia piora tanto assim da noite para o dia. Da mesma forma tampouco melhora tanto assim 24 horas depois (o risco Brasil, que era de 229 pontos no fechamento de quinta-feira, caiu para 209 pontos no meio da tarde de ontem). O que aconteceu, no Brasil, para que ocorressem tais oscilações?”, pergunta o jornalista.
Ele mesmo responde:
“A queda da Bolsa (investimento de risco, portanto sujeito a altos e baixos) e a subida do dólar, não pela fragilização da economia interna, mas pelas necessidades dos investidores externos”.
E continua:
“Vamos, então, combinar o seguinte: risco-país mede só a taquicardia dos credores externos, não a real situação da economia interna. Outro deus desnudado são as agências de "rating". Tão nuas que a União Européia quer investigá-las”.
E constata:
“Mas, no Brasil, há um mundão de gente, na academia, no empresariado, no governo, no jornalismo, que reza todas as noites para que o Brasil atinja o tal "investment grade" (grau de investimento) concedido pelas agências”. “Até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – escreve o jornalista - já citou a queda do risco-país como sinal de que "nunca antes" o país esteve tão bem”.
E o jornalista conclui:
“Parece o bezerro de ouro. É de barro, do que dá prova o fato de que mais de um fundo hipotecário agora falido era "investiment grade". Já não estamos grandinhos o suficiente para parar de aceitar como jóias as miçangas dos mercados, os novos colonizadores?”
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